Introdução:
Uma
das perguntas mais freqüentes que tenho ouvido de mulheres
acima de 40 anos é a de quando devem iniciar o tratamento
da menopausa. Por essa razão, pensei em escrever alguma
coisa relacionada com o tema. No entanto, à medida que ia
escrevendo, outros assuntos paralelos fizeram parte do meu
pensamento e não os deixei de lado. Desta forma, temas
distintos passaram a ser descritos, trazendo, com isso, um
polimorfismo que foi benéfico ao conjunto. Como o assunto
é longo, o trabalho foi dividido em seis partes. No final
de cada página você encontrará o acesso à seguinte.
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Nestes últimos anos,
tenho sido questionado por minhas pacientes mais antigas
pelo fato de não haver proporcionado a elas o alívio dos
incômodos fogachos da menopausa. Tento dar explicações,
mas não consigo convencê-las de que os conceitos médicos
mudaram de direção, quase chegando aos 180 graus nos últimos
10 anos.
Por esse motivo, elas têm muitas razões
de assim se queixarem. Ocorre que, em medicina, como já diz
o adágio francês: "comme en amour on ne dit
jamais, ni toujour." As coisas mudam e mudam às
vezes do dia para a noite.
Até o final da década de oitenta, não se preconizava o uso continuado de hormônios para o tratamento sintomático da menopausa. No início dos anos noventa, no entanto, um arsenal hormonal de múltiplos valores, passava a ser não somente indicado, mas também a ter o seu uso, pela mulher menopáusica, incentivado.
Passou-se a indicar aquilo que, por décadas, era considerado perigoso; passaram-se a prescrever drogas que, durante muitos anos, eram usadas somente por curtos períodos. Naquele período a rotina é administrar hormônios a toda a mulher menopáusica ou que, pelos achados clínicos, venha a ser uma futura candidata a osteoporose.
Se imaginarmos o estilo terapêutico de algumas décadas passadas
numa escala de 0 a 100 e compararmos essa escala com as preconizadas no
início da década de noventa, verificaremos que passamos dos 15 ou 20
pontos, para os 80 ou 85.
Isso significa que se administravam hormônios
sim, mas numa escala 4 vezes menor do que a atual. Essa euforia teerapêutica hormonal
decresceu à medida que o tempo nos ensinou melhor os difíceis caminhos da
hormonioterapia.
Surge, dessa forma, uma série de
perguntas, de dúvidas e de questionamentos e você, que
agora está lendo essas linhas, por certo já fez muitas
delas ao seu médico ou já pensou em fazê-las. Vejamos
quais são essas principais dúvidas e, à medida que formos
descrevendo uma a uma, estaremos incluindo outros assuntos
relacionados que ajudarão a compreender melhor os problemas
do climatério, o período que compreende alguns anos antes
da menopausa e o período pós-menopáusico.
- O que é Menopausa e qual a sua relação com os
Hormônios?
- Por que as mulheres necessitam de hormonioterapia de
reposição?
- Como conseguir que as mulheres com sintomas brandos
evitem problemas futuros?
- Como evitar que as mulheres assintomáticas
desenvolvam osteoporose?
- Quem deverá usar hormônios? Quem poderá usar
hormônios? Quem jamais deverá usá-los?
1 - O que é Menopausa e qual
é a sua relação com os Hormônios?
Menopausa é um acontecimento
complexo que ocorre na vida da mulher denotando a
perda da capacidade reprodutiva causada pela
insuficiência ovariana.
Na realidade a menopausa não é um fato
simples. Ela é composta de múltiplas facetas bastante
complexas desde a tensão pré-menstrual no final da década
dos trinta ou no início dos quarenta (pré-menopausa), até a idade
mais avançada da mulher onde poderemos encontrar a
osteoporose. A essa trilha de acontecimentos biológicos
damos o nome de climatério onde a menopausa faz
parte e representa simplesmente a parada da menstruação.
Ao parar de menstruar, devido a incapacidade dos ovários de
responder aos estímulos da hipófise, a mulher não ovula e, como
consequência, não menstrua não podendo mais procriar.
Hormônios são
as substâncias produzidas pelas glândulas chamadas de
secreção interna: a hipófise, localizada no assoalho
ósseo do crânio, produz os hormônios que irão controlar
todas as outras glândulas; a tireóide, localizada na
porção anterior do pescoço controla o metabolismo; o
pâncreas além de produzir os sucos digestivos, produz
também a insulina; as supra-renais, produzem muitos
hormônios de diferentes ações no organismo; as gônadas,
ovários e testículos produzem: na mulher, estrógenos e
progesterona; no homem, andrógenos.
É bom lembrar aqui que, no homem, a
supra-renal também produz estrógenos e na mulher, um pouco
de andrógenos, o que irá explicar a razão do porquê de
certos sintomas surgirem em algumas mulheres menopáusicas,
mormente a queda dos cabelos, o crescimento de pelos na
face, a diminuição do volume mamário e a mudança do
timbre da voz.
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